domingo, 18 de abril de 2010

Imensurável nós.


Eu tento fugir e já não posso. Paras em minha frente, e peremptório, repetes incansavelmente que me amas. Que amor é esse, que só aparece quando me ponho a partir? Somos tão fracos, querido. Isolamo-nos do mundo, com o pensamento de que os problemas iriam embora. Fomos tão ingênuos ao pensar que apenas nossos sentimentos importavam! Eu queria sentir tua voz aveludada, falando-me que não acabou. Pois teu coração, ainda que imensamente machucado, bate na esperança e na vontade de um novo amanhecer. Sei que sentimentos não bastam e vidas foram postas em risco... As nossas vidas. Quando tomei tal liberdade de tocar-te, não pensei que tal sentimento tomaria conta de mim. Mas o amor é algo imensurável, querido. E terrivelmente louco. Não controlamos, não decidimos quando, nem onde, muito menos o motivo. Amei em ti os defeitos e estranhezas, fiz um ninho em meu peito para que pudesses aconchegar-se e, descuidada, acabei pondo-nos em risco. Um grande risco de cair no alheio, de provar novos corpos, de beber de palavras desconhecidas. Perdoa-me por erros assim. És tão puro e doce, que não tens coragem de deixar-me ir. Meus dedos em teu rosto. Teus olhos imaculados, olhando-me fixamente. E a lembrança de que, por todas as catástrofes acontecidas e palavras não ditas, continuaremos tentando recuperar nossa paz. Beijo-te o rosto e volto para nós. Não machuco-te mais, cuida de mim.