domingo, 18 de julho de 2010

A oitava cor


Ele dividiu o céu depois da tempestade em um arco no fim da estrada. Era como uma placa de boas-vindas. Uma promessa de calor e roupas secas assim que eu fizesse a travessia.
Mas meus pés estavam presos ao chão, meus olhos incrédulos recusavam-se a perder um segundo que fosse daquilo.
Eu queria poder registrá-la de qualquer forma que fosse, mas não havia como. Nem mesmo a Faber Castel a capturara até então. Aquela oitava cor não era azul, ou rosa, ou verde. Nenhuma cor para a qual eu tivesse nome. Não era tampouco uma mistura delas. Era como uma fascinante quarta cor primária.
Talvez o primeiro homem a pisar na lua entenderia a emoção daquela descoberta. Não era apenas mais uma cor para a cartela, era uma novidade que duplicava minha capacidade de percepção. A percepção de uma vida sendo inacreditavelmente expandida naquele breve segundo em que meus olhos capturaram aquela nova cor perfeita.
A partir daquele momento algumas de minhas convicções mudaram. O arco-íris tinha oito cores. Eu tinha você.